Quatro filmes com investimento estadual estreiam no Festival de Cannes 2025 e as políticas públicas mantidas pelo Governo do Ceará para o setor audiovisual, por meio da Secretaria da Cultura, serão apresentados para o mercado internacional durante o evento
No ano do Brasil na França, o cinema cearense é destaque no Festival de Cannes 2025. Quatro filmes produzidos e filmados no Ceará serão exibidos na mostra Quinzena de Cineastas. Para além da tela de cinema, o audiovisual do estado também estará no centro do debate internacional sobre este mercado.
A Cultura do Ceará chega ao maior festival de cinema do mundo com força e identidade, promovendo filmes que são resultados de políticas públicas e do compromisso com investimentos em ações estratégicas, a fim de fortalecer a economia da cultura como importante indutor da geração de emprego e renda.
Cinema cearense em Cannes
Nesta quarta-feira (14), o Ceará retorna à grande tela do Festival de Cannes. Quatro filmes apoiados pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), serão exibidos na abertura da Quinzena de Cineastas. Os curtas-metragens foram produzidos no projeto Directors’ Factory Ceará Brasil.
Este programa é uma realização que envolve a Escola Porto Iracema das Artes e o Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS CE), espaços públicos de cultura mantidos pelo Governo do Ceará.
Os curtas são “A Fera do Mangue”, de Wara (Ceará) e Sivan Noam Shimon (Israel), “A Vaqueira, a Dançarina e o Porco”, de Stella Carneiro (Alagoas) e Ary Zara (Portugal), “Ponto Cego”, de Luciana Vieira (Ceará) e Marcel Beltrán (Cuba), e “Como Ler o Vento”, de Bernardo Ale Abinader (Amazonas) e Sharon Hakim (França).
Os filmes foram todos realizados na capital cearense. O investimento envolveu diretamente mais de 100 profissionais cearenses de audiovisual, entre roteiristas, diretores, diretores de arte, produtores, fotógrafos, montadores, técnicos, motoristas, diversos fornecedores, além de grande elenco.
A “Factory Ceará-Brasil-Cannes” tem como patrono o cineasta cearense Karim Aïnouz e coprodução da Inflamável no Brasil e Dominique Welinski, fundadora e curadora da DW (França).
Além da exibição na abertura da Quinzena de Cineastas, os diretores ainda participam de um evento de pitching e de reuniões de coprodução, apresentando seus projetos de longas-metragens durante o Marché du Film.
Secult Ceará participa de conferência sobre mercado audiovisual
Nessa quinta-feira (15), às 10h, a Secretaria da Cultura do Ceará, representada pela titular da pasta, Luisa Cela, participou da conferência “O Ecossistema Audiovisual Brasileiro e suas Instituições”. Na oportunidade, serão apresentadas e discutidas as políticas públicas e ações que promovem este importante setor da cultura no estado.
A mesa também será composta pela ministra da Cultura, Margareth Menezes; o embaixador do Brasil na França, Ricardo Neiva Tavares; a secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga; José Luis Gordon (diretor do BNDES); Daniel Tonacci (Ancine); Eliane Parreiras (secretária de Cultura de Belo Horizonte), Leonardo Edde (RioFilme) e Lyara Oliveira (Spcine).
Esta atividade integra a série de painéis e conferências do Marché du Film 2025. Realizado em paralelo ao Festival de Cannes, o “Marché du Film” é um dos eventos de negócios mais relevantes da indústria audiovisual global. Anualmente, reúne produtores, distribuidores, agentes de vendas, investidores e outros profissionais do setor em negociações, exibições, painéis e atividades de networking.
A 66ª edição do Marché du Film acontece de 13 a 21 de maio de 2025, no Palais des Festivals et des Congrès, em Cannes.
Feito no Ceará: negócios no audiovisual
O Ceará tem alcançado projeções significativas nos cenários nacional e internacional na indústria cinematográfica, a partir da descentralização de suas produções, ampliação de oportunidades e estímulo à economia criativa no Estado.
Reflexo dessa estruturação tem sido a formatação do Programa Estadual de Desenvolvimento do Audiovisual e da Arte e Cultura Digital – uma ação da política pública de cultura para o fortalecimento dos arranjos criativos e produtivos do setor, como meio de desenvolvimento econômico e da produção audiovisual do Ceará, na cena nacional e internacional. O Programa está dividido em sete eixos – Produção, Distribuição, Exibição, Preservação, Formação, Rede Institucional e Legislação – fruto de uma construção social e coletiva.
O Ceará também tem avançado na difusão do audiovisual por meio da criação de uma rede de exibição voltada à democratização do acesso, à ampliação do alcance em municípios sem salas de cinema e à formação de público. Na Rede Pública de Espaços Culturais do Estado, destacam-se três salas públicas de cinema: uma no Cineteatro São Luiz e duas no Cinema do Dragão, integrado ao Centro Dragão do Mar. Em 2024, o Ceará despontou com sete longas-metragens em cartaz em salas comerciais em diversas regiões do Brasil.
No campo da formação, a Secult tem promovido cursos de profissionalização voltados para toda a cadeia produtiva do audiovisual. Entre os destaques estão a Escola Porto Iracema das Artes, o Centro Cultural Bom Jardim e o Hub Cultural Porto Dragão, que ofertam programas como a Formação Básica, Cursos Técnicos e Laboratórios de Criação.
Especialistas em preservação, conservação e digitalização de acervos do MIS CE têm sido convidados para apresentar estudos de caso de restauro e digitalização de obras cinematográficas em eventos sobre o tema. Um dos filmes 35mm digitalizados em 4k e que recebeu correção de cor pela equipe de Laboratório de Preservação, Conservação e Digitalização do MIS CE foi “Chico da Silva” (1976), de Pedro Jorge de Castro. Especialistas do MIS-CE participaram, por exemplo, da 19ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, realizada em junho de 2024, e do Encontros IC Play, em setembro de 2024, evento realizado pelo Itaú Cultural, em São Paulo, entre outras iniciativas para apresentar o trabalho realizado no MIS CE.
Investimento do Ceará no audiovisual
Nos últimos dez anos, o Ceará tornou-se referência em políticas culturais, com fortes investimentos em criação, produção e circulação de bens culturais, além de infraestrutura, inaugurando museus e centros culturais na capital e no interior do estado. Em 2024, os investimentos no setor audiovisual consolidaram o estado como um dos polos brasileiros mais vibrantes e criativos.
Somente entre os anos de 2014 a 2024, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura, investiu o montante de R$ 129.727.381,77 (fomento direto) em políticas estruturantes do setor audiovisual. Nesse período, foram publicados 10 editais que beneficiaram 574 agentes culturais, contemplando 727 projetos distribuídos por 69 municípios das 14 macrorregiões.
Nesta perspectiva, a Secult tem articulado várias iniciativas e frentes de trabalho que credenciam o audiovisual como importante vetor da economia criativa, gerando postos de trabalho e aquecendo o mercado da produção cinematográfica.
O ano de 2025 começou com o filme “Motel Destino” (Karim Ainouz) integrando a lista oficial do Festival de Cannes, na disputa da Palma de Ouro, um dos prêmios mais cobiçados do cinema internacional. Na sequência, sete filmes cearenses estiveram em cartaz ao mesmo tempo, nas salas de cinema, um fato inédito no país para estados fora do eixo Rio/São Paulo.
Abordando variadas temáticas: do suspense ao “road movie”, do drama ao documentário, os filmes que entraram no circuito comercial foram: “A Filha do Palhaço” (2023), de Pedro Diógenes; “Quando eu Me Encontrar” (2023), de Amanda Pontes e Micheline Helena; “Estranho Caminho” (2023), de Guto Parente; “Greice” (2024), de Leonardo Mouramateus, “Mais Pesado é o Céu” (2023), de Petrus Cariry, “Vermelho Monet” (2022), de Halder Gomes, e “Motel Destino” (2024), de Karim Aïnouz.
Além de investimentos na área de produção, o Governo do Ceará investiu importantes recursos em programas estratégicos para a indústria audiovisual, como o “Laboratório de Desenvolvimento de Roteiros da Porto Iracema das Artes – o CENA-15”, por onde já passaram 120 jovens roteiristas, num processo imersivo de formação.
Criado em 2013, o programa está em sua 12ª edição, com uma cartela de 65 projetos de roteiros de longas-metragens e séries de televisão. Desse total, 35% dos projetos foram finalizados, ou estão em pós-produção, ou complementação de captação. Mais de R$ 18 milhões foram captados para a produção.
Atualmente, a Secretaria da Cultura do Ceará atua no processo de implementação de uma empresa do audiovisual cearense, que desempenhará papel central no desenvolvimento do cinema e audiovisual no estado. Um esforço de gestão pública, que pretende transformar o Ceará numa importante referência nacional de produção, distribuição e circulação de conteúdos audiovisuais no seu conceito mais abrangente (cinema, games, tv, streaming, publicidade), a partir da região Nordeste do país.
